Hora de energia solar

POR JUAN JOSÉ VERDESIO

Muitos cidadãos ainda não acordaram para a economia que poderiam fazer na conta de energia elétrica. Além de apagar luzes ou trocar equipamentos por outros mais racionais no consumo, há mais duas possibilidades ao alcance de todos.

Uma é o aquecimento solar da água; outra, a autoprodução de eletricidade com placas fotovoltaicas. O primeiro equipamento é mais acessível, de baixo custo e com possibilidades de financiamento a longo prazo. O segundo é mais oneroso. Ambos se pagam em períodos curtos com a economia na conta de eletricidade. Dois a três anos no aquecimento da água; e de sete a oito anos na eletricidade solar. Isso é muito menos do que a vida útil dos equipamentos, de 15 a 25 anos, dependendo do tipo e do uso adequado.

Em residências de famílias de baixa renda ou até média, a economia do aquecimento solar pode chegar a 44%. Isso porque mais de 70% dos lares brasileiros usam chuveiro elétrico, altamente consumidor, quando poderiam dispor de aquecimento solar mesmo nos climas mais frios. Dezoito por cento não usam aquecimento algum, e só 5,9% utilizam gás.

Energia solar no país avançou 400% em 2015; 320% no ano passado e são aguardados outros 300% para 2017

Na autoproducão de eletricidade por painéis fotovoltaicos, temos a possibilidade legal de vender o excedente para a distribuidora de eletricidade. A economia, dependendo da instalação, pode ser de quase 100% da conta.

E os políticos? Por que deveriam estar mais interessados na energia solar? Também ainda não acordaram para os votos que poderiam ganhar incentivando o uso destas alternativas.

Já há municípios que fazem isso. Belo Horizonte é hoje a capital da energia solar. Outros têm adotado legislações similares, mas ainda faltam muitos. Milhares de cidades brasileiras precisam de legislações adequadas que promovam a energia solar.

E há ainda vantagens para os operadores do sistema. Todos conhecemos ou sofremos com a perda de algum equipamento elétrico por picos de potência em certas horas do dia nas nossas residências. Em muitos casos, isso acontece pelo uso do malfadado chuveiro elétrico.

Como tomamos banho nos mesmos horários, demandamos no fim de tarde ou no início do dia grande quantidade de energia. Os chuveiros elétricos ligados ao mesmo tempo provocam verdadeiras “tempestades elétricas” nos sistemas. Temos um sistema de geração de eletricidade majoritariamente hidrelétrico. Assim, estas centrais podem ser ligadas em poucos minutos, e o pico de consumo é suprido rapidamente.

Tanto as geradoras de energia quanto as distribuidoras e transportadoras deveriam se preocupar mais com o problema e incentivar a eliminação gradativa do chuveiro elétrico e favorecer a autoprodução, para não terem que investir tanto em capital fixo e, assim, conseguirem maior lucratividade nas suas operações.

Consumidores, produtores e distribuidores de energia elétrica e os políticos obteriam benefícios com a maior difusão das tecnologias solares em residências. Mãos à obra.

Juan José Verdesio é professor da Universidade de Brasília
Fonte: O Globo