Desafios logísticos não serão suficientes para frear o crescimento do solar em 2022

Maturidade empresarial do setor será demandada a fim de contornar os entraves impostos pelos problemas nos portos chineses

O mercado de energia solar, que já vinha muito aquecido, acaba de receber um grande incentivo, que promete incendiar de vez o setor. 

A aprovação do PL 5829, agora Lei 14.300 sancionada dia 7 de janeiro de 2022 pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), representa um grande catalisador para os negócios de solar, uma vez que projetos protocolados nos próximos 12 meses manterão os benefícios atuais até 31 de dezembro de 2045.

Para ilustrar o crescimento exponencial do nosso setor, lembremo-nos de alguns números do solar no Brasil.

Em 2020, o volume importado de inversor foi de 4,90GW. Somente no primeiro semestre de 2021, foram 4,55GW. Já o volume de módulos foi de 4,76GW, em 2020, para 4,88GW somente na primeira metade de 2021. 

A energia solar ganhou tanta credibilidade no país que, mesmo diante de um terrível cenário de pandemia, não parou de crescer.

Agora, segundo informações da Bloomberg, a cadeia produtiva internacional pode ser afetada mais uma vez, devido ao congestionamento no Porto de Xangai e ao acúmulo de contêineres no Porto de Shenzhen, ambos localizados na China.

Diante da situação, é impossível não nos perguntarmos: afinal, como essa situação pode afetar o Brasil nos próximos meses?

Considerando que os dois principais componentes do sistema de energia solar, módulos e inversores, em sua grande maioria são importados do país asiático, os problemas nos portos chineses afetam diretamente o mercado solar brasileiro.

O porto de Xangai, que possui águas profundas e, anexo, um porto fluvial, já há vinte anos ocupa o primeiro lugar no ranking de portos de contêineres mais movimentados do mundo. Em 2019, este porto movimentou o equivalente a 43 milhões de containers de 20 pés. 

Em Shenzhen, principal centro tecnológico do país, testes nos moradores e caminhoneiros para conter um surto de COVID-19 provocaram uma fila de navios no porto. Isso fez com que o terminal de Shekou começasse a restringir a entrada de mercadorias. 

Quem já está no mercado há alguns anos, entretanto, sabe que desafios como o logístico não serão suficientes para frear o crescimento do solar em 2022. Em um passado recente, não havia linhas de financiamento para um sistema fotovoltaico. Hoje contamos com ótimas opções, várias linhas específicas, com taxas atrativas.

Certamente, a maturidade empresarial que desenvolvemos no brasil nos será demandada agora, a fim de contornarmos os entraves impostos pelos problemas nos portos chineses. As negociações aqui ganharão prazos de entrega mais dilatados, o que exigirá das empresas absoluta clareza com seus clientes a respeito de prazos de entrega e instalação.

Por conta de nossa dependência produtiva de países como a China, é fundamental que todos os stakeholders envolvidos no mercado fotovoltaico compreendam que alguns fatores podem sair do controle das empresas, como questões de saúde mundial, problemas em portos e greves de fiscais. 

Conhecemos mercados, como o automobilístico, que está acostumado a lidar com prazos dilatados de entregas. Atualmente, é normal uma concessionária levar de 60 a 90 dias para entregar um veículo. Nesse ano, dados os desafios de logística internacional, é possível que precisemos utilizar no solar a mesma estratégia de mercados como o de automóveis.

fonte: Canal Solar