Disrupção, a nova História da Concepção

por MANUEL JEREMIAS LEITE CALDAS
Engenheiro elétrico (IME) e PhD em Economia (EPGE/FGV)

A Nova Pré-história será a época em que consumíamos energia originada de fontes tradicionais fósseis ou térmicas ou renováveis de fonte hidráulica ou eólica, mas sempre com o Sol mandando energia para a Terra. Assim é que foi gerada a vida, ou seja, sem sol não haveria energia e não teríamos petróleo, carvão e vida, que o Planeta criou e acumulou a energia de origem fóssil há milênios de anos atrás. A verdade é que a energia solar é, foi e será a fonte da vida e da energia e agora parecemos querer aproveitar essa dádiva de Deus, de forma direta mais eficiente e sem danos para a natureza como o Criador projetou e somente agora entendemos, preservaremos as florestas, uma vez que a extração dessas fontes deixará de ser atrativa.

Para isso precisamos relembrar conceitos de energia elétrica e da própria eletricidade. Conceito que normalmente aprendemos no último ano do ensino científico ou do ensino médio. Neste estágio, já ambientado com o ensino de Física, que nos dá o conceito inicial da Mecânica Estática de equilíbrio, centro de massa e momento nulo. A seguir estudam-se movimentos com velocidade constante e variável com aceleração, conhecido como cinemática e após a dinâmica com as leis de Newton, os princípios de conservação de movimento e de energia. Na série seguinte, Temperatura e sua variação, Quantidade de Calor, calor específico, estados da natureza (sólido, líquido e gasoso), troca de calor e energia entre estados. Os conceitos de Termodinâmica, Trabalho, Potência e a realização no tempo, origem da Energia que pode ter nascer na teoria da mecânica, no calor e na sua forma mais eficiente, a Eletricidade.

Duas leis principais da eletricidade conhecidas como a Lei de Kirchoff’s, um físico alemão, que enunciou a “Lei dos Nós” e a “Lei das Malhas” e que o elétron, passa a ser, o “ser vivo” presente na nossa história que tem módulo, intensidade, direção e sentido, o que significa que ele é um vetor direcional e que perambulará pelos fios, circuitos elétricos e os equipamentos que promovem nosso bem-estar e poupam nossa energia. Ao passar por equipamentos elétricos, a energia é consumida, pela queda de tensão ou voltagem, mas a corrente ou elétrons permanecem retornando pelo neutro ou fio terra.

Podemos dizer que Antônio casou-se com uma máquina de produzir elétrons, um “ser vivo” que pode ser a Placa Solar. Assim o Sol, sabedor deste enlace, emitiu um facho de luz e que Antônio com a Placa Solar foi capaz de absorver esta luz e via um processo de conservação e de transformação de energia gerou seu primeiro filho elétrico, que será conhecido como E01, o filho primogênito, “Elétron zero um” começando a disrupção e a passagem para uma nova era onde parte do seu consumo de energia se origina dessa luz e o consumo, que comprava de uma fonte de energia antiga, começa a ruir.

O E01 fica sobrecarregado em casa porque é o responsável por energizar tudo, passa pela lâmpada elétrica, dá um calor e ela está acesa, passa pela geladeira, máquina de lavar, ferro de passar roupa, enfim passa por todas as utilidades com seus elétrons e faz o milagre de tudo estar ligado em casa e seu trajeto pelos fios é de forma instantânea. O pai do elétron E01 está feliz, mas ao mesmo tempo meio triste, achando que sobrecarrega o E01 demais. Viu que faltava algo mais e descobriu a bateria de energia, e comenta com a placa solar que conjuga as duas funções de gerar e armazenar energia.

Assim Antônio estava feliz, mas, preocupado, combina com o Sol e recebe mais um facho de luz e com a placa solar gerou o filho elétron E02, que foi acolhido pela sua nova mãe adotiva, a bateria solar. Esta tem a função de acolher e guardar o filho elétron E02, que será usado para as diversas eventualidades e nos períodos onde o Sol se esconde e não emite um facho de luz ou raio solar.

Contente com a possibilidade de isolar da antiga configuração que era sugado nas contas de luz e não dependendo mais dos comercializadores de energia, Antônio namora novamente o sol e este emite um novo facho de luz para sua esposa, a bateria solar e assim nasce o filho elétron E03, um elétron esperto que gosta de dar suas saidinhas e com o tempo e adaptado com um conversor de corrente contínua em alternada e fixando para a tensão da rede elétrica de 127/220 volts, o filho E03, não tendo o que fazer em casa, cai na rede elétrica de distribuição (TUSD) ou no fio da concessionária. Se alegra e pula para outra concessionária usando o fio em tensão mais elevada, a rede de transmissão (TUST) aprende outros idiomas e também dons culinários, fritando hambúrgueres e outras delícias da cozinha. Risco: o perigo é tomar o caminho no sentido errado, é choque (curto circuito) e em rede de alta tensão é eletrocutado.

O filho E03 transita na rede de transmissão na rede de distribuição e ainda invade outros lares prestando serviço, sabendo que para voltar tem que passar pelo neutro e regenerar-se na bateria que está sempre ligada ao neutro aterrado. A festa estava muito boa e o Sr. Antônio via que tinha conquistado quase todo o mercado e queria um quarto filho para andar nas redondezas, teve uma prosa com o Sol e com a Nova Bateria Solar com placa solar, de silício ou lítio que faz tudo. O Sol emite um novo facho de raio solar e assim nasceu o filho elétron E04, este fica esperto, mas com a determinação de transitar próximo ao seu lar. Com essa restrição ele vai passear saindo de casa e usa o fio da rede da distribuidora (TUSD) e presta serviço para os vizinhos energizando diversos equipamentos e depois se regenera via o fio Terra na qual a Super Bateria de sua casa está permanentemente ligada.

A nova era da energia solar está instalada e os fornecedores de energia fóssil suja e tradicional reduzem sua área de atuação, juntamente com valor das tarifas cobradas pelas redes existentes, uma nova disrupção. Finalmente Antônio deseja uma nova reserva disponível separada de todos os outros filhos elétrons. Imagina que se os sistemas falharem teria como back-up a antiga geração térmica cara, fóssil, poluidora como no passado, em situações críticas de extrema confiabilidade do sistema.

Antônio acena ao Sol e uma nova onda de luz ou raio solar é emitida com uma Bateria Solar de quinta geração produz a querida filha elétron E05 que funcionará como reserva das reservas. Atuará de forma similar ao irmão elétron E02, só que de forma abrangente. Ela inova, viaja pelas redes de distribuição e de transmissão e se aloja nas UHE´s (pilha de longa vida) como água que sendo bombeada, transforma-se em energia elétrica (fonte hidráulica) a ser consumida pelo sistema, residências e empresas.

Esse movimento será rápido, importado pelos menores custos econômicos, dada a previsão de Tony Seba, consultor, em “Clean Disruption – Energy & Transportation”. Antônio, Placa e Bateria Solar, elétrons filhos E01, E02, E03, E04 e a filha E05, que energizará equipamentos móveis, carros, motos e ônibus.

Neste modelo falta a conexão da tomada mais potente na residência para carregar o novo carro, agora elétrico muito eficiente com 95% de eficácia da energia consumida, enquanto o carro tradicional movido por combustível fóssil rende somente 30% da energia consumida, que está relacionado ao poder calorífico do derivado associado às perdas da queima em ciclo fechado do motor à combustão interna. A filha, com mais elétrons E05, ficará nessa missão de abastecer a energia em equipamentos móveis na residência. Vale a pena lembrar que a Terra funciona como nível de tensão zero e na ficção através da Malha de Terra o retorno do elétron se dá pelos fios terras das baterias aterradas nas malhas de terra.

O Carro e ônibus elétrico substituirão com eficiência os atuais à combustão e com novos postos de abastecimento elétrico espalhado pelas cidades poderão a qualquer momento suprir ou ser suprido de energia. Considere que parte da energia consumida no carro elétrico origina-se do aproveitamento das oscilações de velocidade e temperatura ao acionar os freios e outras fontes de conservação de energia.

Este será o mundo do futuro e a onda de mudanças será forte. As antigas usinas ficarão ociosas e no tempo serão sucateadas, com exceção das Usinas Hidrelétricas (UHE’s) com reservatórios cheios, que servirão como a grande bateria de reserva líquida do sistema e as usinas UHE’s a fio d’água para funcionamento do sistema elétrico tradicional. A revolução pelo menor custo econômico gerará milhões de empregos. Baterias e elétrons virarão astros junto com o Sol. Salve a Amazônia. Viva Tony Seba.

fonte: Jornal do Brasil