Primeiro pivô de irrigação totalmente movido a energia solar

Equipamento foi instalado em uma propriedade rural de Perdizes, no Triângulo Mineiro, e gera energia suficiente para movimentar 10 pivôs, irrigando 96 hectares de terra por 6 a 8 horas diárias

O primeiro pivô de irrigação totalmente movido por energia solar está em Minas Gerais e foi apresentado hoje em uma live promovida pelo Sistema FAEMG/SENAR/INAES. O equipamento, uma usina fotovoltaica com pico de até 128 kw, foi instalado em uma propriedade rural no município de Perdizes, no Triângulo Mineiro, onde funciona em teste há mais de seis meses. Uma das inovações do sistema é a capacidade de gerar energia em larga escala, suficiente para movimentar não apenas os pivôs, mas também a bomba d’água do reservatório.

De acordo com Rui Ruas, diretor-presidente da Solbras, o equipamento já está pronto para ser comercializado e será lançado oficialmente até o fim do mês. “Já temos pedidos de outros países para essa solução que construímos aqui, dentro de Minas Gerais. Locais que precisam aumentar sua produção de alimentos, tanto para alimentar sua população quanto para aumentar sua competitividade econômica”, afirmou.

Segundo o diretor-presidente da Solbras, o investimento necessário para implementar o sistema depende da escolha de fatores como o tipo de tecnologia – fixa ou móvel –, o tamanho da área e o tempo de irrigação. Na propriedade de Perdizes, com 10 lances de pivô que ao todo irrigam 96 hectares de terra por 6 a 8 horas diárias, o investimento ficou em um pouco mais de R$ 500 mil.

“O consumidor rural é o que tem melhores condições de financiamento para o sistema solar fotovoltaico, com as taxas de juros mais interessantes. Pode ser interessante trocar a conta de luz pela parcela do financiamento”, avaliou Bárbara Rubim, vice-presidente de Geração Distribuída da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (ABSOLAR).

“Cada vez mais as novas áreas disponíveis precisam de irrigação. E o fator limitante para isso é a energia. Por isso, a importância destes novos projetos de energia solar”, considerou Rui Ruas. Mas ele alerta que, para avaliar a viabilidade do projeto, é necessário realizar um estudo técnico, uma avaliação caso a caso, onde muitos fatores são considerados.

Com o tema “Energia solar no campo”, a live contou com a participação de produtores rurais, que puderam  conhecer as inovações e as oportunidades de investimento na geração de energia solar nas fazendas. Segundo Rui Ruas, Minas Gerais tem uma insolação muito boa, com grande potencial para o uso da energia solar.

Bárbara Rubim acrescenta que Minas Gerais é pioneiro em políticas públicas para o desenvolvimento da energia solar, que fizeram o estado ser o líder em energia solar fotovoltaica para geração distribuída no Brasil. “Em Minas, o produtor rural já é o terceiro maior usuário de energia solar fotovoltaica. E vem subindo rankings rapidamente nos últimos dois anos”, avaliou.

Outro viés da geração de energia solar é ganhar dinheiro no Mercado Livre de Energia. “Gerar e ter energia disponível é muito mais do que um direito, é uma grande oportunidade de negócio também. Todo ano o produtor planta, espera a chuva ou irriga e encara o risco de pragas. Mas tem uma safra que pode ser colhida todo mês que é a safra de energia”, afirmou o diretor-presidente da Solbras.

A vice-presidente da ABSOLAR garante que energia solar ainda tem um espaço muito grande para ocupar dentro da matriz elétrica brasileira. “A projeção é que, em 2050, a energia solar vai ser a maior fonte de energia elétrica do Brasil, passando inclusive a fonte hídrica. E tivemos um fenômeno muito importante este ano que foi a geração distribuída (que é a energia solar gerada perto do centro de consumo) ter ultrapassado a capacidade instalada da geração centralizada solar (que são os grandes empreendimentos e plantas construídas)”, garante.

“Acreditamos que o uso de energias limpas é um setor promissor, e que irá progredir muito. Pretendemos, com essa live, levar aos produtores informações sobre as tecnologias relativamente pouco utilizadas no Brasil e que precisam ser muito mais popularizadas para atingirmos esse objetivo de maior produtividade com sustentabilidade. Conhecimento é o primeiro insumo para a produção agropecuária. O produtor precisa conhecer as opções que tem, saber sobre os custos e os benefício,  e entender como funcionam, para estar apto a tomar decisões sobre a viabilidade de adotá-las ou não”, avaliou Roberto Simões, presidente do Sistema FAEMG/ SENAR / INAES.

fonte: Jornal Estado de Minas