Energia solar e seu potencial para alavancar Postos de Combustíveis

Uma das despesas mais pesadas para os postos de combustíveis é, sem dúvida, a da conta de energia elétrica. Do chuveiro elétrico que o caminhoneiro utiliza para tomar seu banho reconfortante até o acionamento dos sistemas automatizados de lava jato, passando pelas bombas, não há um só momento na atividade de uma revenda em que não haja intenso consumo de energia.

A redução desse custo pode significar, no final do mês, a diferença entre o aumento do lucro e o fechamento no vermelho, com consequências que podem ser determinantes para a sobrevivência do negócio. Isso se aplica especialmente para as unidades que funcionam 24 horas.

Por isso, as novas alternativas que têm surgido começam a chamar a atenção do setor. Uma das mais promissoras é a opção pela energia solar. Por ser um processo produtivo de energia totalmente limpo, sua instalação vem sendo amplamente apoiada pelos diferentes níveis de governança, sob a forma de incentivos que vão desde a isenção tributária até linhas especiais de crédito.

Sob o ponto de vista do revendedor, a aposta na energia solar também apresenta inúmeras vantagens. A principal delas é a diminuição da conta a ser paga para a concessionária. Na Região Nordeste, uma rede de postos que decidiu investir pesado em energia solar já conseguiu uma redução total na conta de energia de R$145 mil para menos de R$30 mil em um ano. Outra vantagem é a longevidade do equipamento. Os painéis fotovoltaicos têm vida útil média de 25 a 30 anos, a depender do fabricante.

Uma segunda vantagem dos postos de combustíveis em relação a outros negócios é o fato de serem negócios montados, via de regra, em espaços amplos, com várias edificações, que abrigam desde a loja de conveniências, passando pelo escritório central, até o centro de troca de óleo, a borracharia ou, em tendência cada vez mais consolidada, redes de lanchonetes e até outras iniciativas de entretenimento.

A imensa maioria desses prédios é de telhado reto (não angulado). Todo esse potencial significa espaço para a instalação de um número maior de placas em comparação com as edificações típicas de outros setores. E mais: o nível de sombreamento sobre a cobertura, considerado um dos fatores mais importantes na hora de se decidir o potencial de geração de um kit de energia solar, é quase nulo em uma estrutura de teto reto, como ocorre na quase totalidade dos postos. Isso significa que a revenda está especialmente estruturada para produzir mais energia solar quando comparada a outros nichos de atividade econômica.

Isso sem mencionar o fato de o território brasileiro estar em sua quase totalidade situado na zona tórrida do planeta, aquela cuja taxa de incidência de radiação solar é, de longe, a maior, tanto em termos de tempo de irradiação quanto em intensidade. Com seus dias longos e sol forte na maior parte do ano, o clima é mais um aliado ao se considerar a alternativa solar na produção de energia.

A manutenção de um kit fotovoltaico é extremamente simples: basta promover a limpeza dos painéis de 15 em 15 dias em média com um pano molhado, diminuindo a periodicidade para uma limpeza a cada 10 dias em estados localizados em regiões caracterizadas por períodos de baixa umidade relativa do ar, como é o caso das unidades federativas da Região Centro-Oeste.

Um dos calcanhares de aquiles da iniciativa é o custo inicial de instalação dos equipamentos. Em sua fase inicial, o empreendedor pode considerar ser duvidosa a relação custo-benefício da montagem do kit solar em seu posto, em vista do impacto desse tipo de gasto na receita, pelo menos, no médio prazo.

Entretanto, pelo fato de a energia solar ser considerada uma das mais promissoras alternativas na matriz energética brasileira nessa fase de transição para uma economia pós-carbono, existem várias linhas de crédito especiais, com taxas de juros consideravelmente convidativas e longos perfis de endividamento, estruturados, justamente, para que os custos de instalação não promovam reduções abruptas na receita. Entre as principais dessas linhas se contam o FCO Empresarial, o BB Crédito Empresa, o Proger Urbano Empresarial, o BNDES Finem e o Santander CDC Eficiência Energética de Equipamentos.

Também existem isenções de imposto de importação sobre vários equipamentos que, a depender do tipo de kit fotovoltaico, precisam vir de outros países. Além desse, um outro incentivo é relevante: com exceção do Amazonas, todos os estados brasileiros trabalham com alguma forma de redução ou até mesmo isenção de ICMS para aqueles negócios que decidirem levar a experiência com energia solar mais além: a da montagem da usina fotovoltaica, com a possibilidade de transmissão da energia elétrica não utilizada para as concessionárias/distribuidoras convencionais.

Quanto ao tipo de kit a ser adquirido, o mercado brasileiro fornece, basicamente, duas opções: o primeiro é o kit on-grid, que permanece conectado à rede elétrica da concessionária/distribuidora, sem armazenamento, mas com garantia de fornecimento de energia caso o sistema tenha de parar de funcionar temporariamente.

O segundo é o kit off-grid, independente da rede elétrica da concessionária/distribuidora. Nessa opção, surge a necessidade de aquisição de equipamentos adicionais: bateria para armazenagem e uso posterior, em momentos de não produção, inversor solar autônomo e controlador de carga. A escolha por um ou outro vai depender de fatores como o nível de consumo da revenda e, principalmente, quanto se está disposto a realizar o investimento inicial necessário.

Quanto ao preço, o kit off-grid básico pode custar entre R$17mil e R$20 mil, a depender do tamanho da área a ser coberta e do fabricante, em valores de março de 2023. A capacidade de geração desse tipo de instalação é de, em média, 10 kWh por dia.

Seja qual for o tamanho e o formato da planta fotovoltaica a ser instalada, a opção pela energia solar pode se tornar uma alternativa interessante para a revenda. Se o empreendedor tiver em sua avaliação a perspectiva da tomada de decisão mais ambiciosa, qual seja, a da montagem de uma usina fotovoltaica com a possibilidade da venda do saldo positivo de produção de energia, a iniciativa pode não apenas reduzir custos, os quais passam por redução da carga tributária, mas ser um fator a mais de geração de receita.

Isso é possível graças ao mercado livre de energia, que possibilita um ambiente competitivo de negociação de energia elétrica em que os participantes podem negociar livremente todas as condições comerciais, como fornecedor, preço, quantidade de energia contratada, período de suprimento, pagamento, entre outras. O objetivo é não somente reduzir os custos através da instalação dos painéis fotovoltáicos, mas também eventuais vendas da energia que sobrar a partir de um consumo eficiente nos melhores mercados, pelos melhores preços.

fonte: clubpetro blog